terça-feira, 17 de novembro de 2009

Música do Mundo



Villa-Lobos

WALTER GALVÃO

Indispensável esta homenagem que se faz por esses dias ao compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos. Ao falecer em novembro de 1959, o músico carioca deixou obra consolidada internacionalmente. Projetou a música no Brasil enquanto referência cultural transformadora, princípio de identidade, recurso poético para o diálogo entre saberes e painel estruturado das características do nosso processo social.

A obra de Villa-Lobos projetou para o mundo uma afirmação de invenção e criatividade no século XX da mesma estatura dos grandes gênios a ele contemporâneos, nomes a exemplo de Stravinsky e Bela Bartók.

Fixou padrão criativo capaz de ecoar no futuro como proclamação de que fora do eixo hegemônico europeu era e é possível fazer música de alta qualidade.
Em Paris, nos anos 1920, Villa-Lobos descobriu que a fronteira para a invenção musical era não ter fronteiras. Conheceu, filtrou, analisou o melhor da tradição da música romântica, apropriou-se de abordagens e métodos, da sintaxe e da análise e com esse instrumental elaborou seu próprio universo estético. Na década de 1940, quando estreou como regente nos Estados Unidos, Villa-Lobos conquistou definitivamente o mundo na condição de inventor de sonoridades. Criador de uma obra sólida e plural, o compositor brasileiro experimentou o timbre, as características de cada som a partir de diferenciadas fontes, além de texturas e dissonâncias para estabelecer sonoridades inovadoras que definiram os fundamentos da moderna música brasileira.

Villa-Lobos compôs choros com a mesma grandiosidade das sinfonias com as quais impactou o mundo. Redefiniu positivamente a composição para violão. Elevou o fagote à condição de solista carismático e o violoncelo sob o seu controle vivencia expansão poética ilimitada: “pode soar até como pandeiro”. Villa-Lobos visitou João Pessoa em 1951. Na oportunidade reafirmou que fez do Brasil sua fonte radical de inspiração e que por isso foi criticado. Além de qualquer nacionalismo, a música de Villa é a projeção da diversidade que faz a leveza e a grandeza do país. Música para os povos, infinita e bela.

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