quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Fronteiras do cérebro





Drogas para pensar
mais e melhor


WALTER GALVÃO


Multiplicam-se as pesquisas sobre o cérebro. Recentemente, a “Veja” trouxe reportagem sobre a manipulação de fatias do cérebro de Einstein que favorece o conhecimento morfológico do órgão. A “Super Interessante” que está nas bancas mapeia as pesquisas sobre drogas capazes de aumentar o QI das pessoas.

Drogas para turbinar aprendizado, memória, criatividade, concentração e intuição estão na ordem dos dias científicos, buscas que despertam o debate no campo da bioética. As pesquisas caríssimas resultam e resultarão em substâncias químicas também caríssimas, inacessíveis à maioria das pessoas.

É justo, em nome do avanço científico, estabelecer novas classes sociais a partir de potências químicas do saber e para o saber? Estamos preparados para esse mundo artificial? Humanos, enquanto espécie produtora de linguagem, têm a certeza de que há dentro de nós muitas galáxias com sistemas planetários repletos de oceanos, desertos e florestas infestadas de enigmas capazes de redimensionar nosso mundo de sensações e saberes. Raul Seixas cantou sobre isso.Saber mais sobre o cérebro, este complexo órgão do nosso corpo é uma busca antiga, antiga mesmo. Vem da pré-história.

Obviamente, não há registros escritos dessa época. Mas os indícios são tantos que os pesquisadores conseguiram no início do século XX fazer um catálogo dos procedimentos mais comuns entre os chamados hominídeos.Os caras que na modernidade receberam o nome de Australopithecus Africanus, que viveram, garantem os arqueólogos, há três milhões de anos, foram os primeiros a acreditar que havia atividade especial dentro da cabeça.

Dando enorme pinote sobre margens do tempo, chegamos aos 300 mil anos atrás quando o Homem de Java buscou o que havia dentro da cabeça. Mais um salto: Homem de Pequim, 100 mil anos. E a partir dessa época, crânios revelam procedimentos como raspagens, rotações manuais, cortes transversais, uso de instrumentos específicos. A trepanação, técnica de furar o crânio para explorá-lo, em vida, que vem do mesolítico, tornou-se comum entre egípcios e gregos. Estamos mais sofisticados em nossas pesquisas atuais. O limite para conhecer o cérebro é a inteligência. Moldá-la quimicamente é ético? A ética deve limitar a ciência? O admirável mundo novo chegou.

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