sábado, 21 de novembro de 2009

Ciência



Física de partículas e o fim do mundo

WALTER GALVÃO

O novo filme da série “Star Trek – Jornada nas estrelas” aborda dois temas sempre presentes na agenda das especulações científicas mais avançadas: viagem no tempo e singularidades no espaço-tempo. Os dois fenômenos estão interligados, têm na curvatura espaço-tempo teorizada e descrita por Einstein a base conceitual e seus princípios – relações de não causalidade, unificação da gravitação e do eletromagnetismo, dimensões extra do espaço-tempo – são postos em prática em grandes laboratórios.

A convergência de pesquisadores do mundo inteiro, desde os anos 1920, principalmente físicos e matemáticos, legou à contemporaneidade os aceleradores de partículas (na imagem acima, o acelerador gigante LHC religado ontem). São engenhocas fabulosas através das quais os cientistas conseguem manipular forças contidas no interior do átomo e conduzir as partículas por determinadas trajetórias.A necessidade de tais pesquisas? Ora, imagine você transportar num pen drive energia suficiente para iluminar por mil anos 24 horas por dia uma cidade como São Paulo... É disso que estamos tratando.

Voltando a “Star Trek” e às singularidades espaço-tempo, no filme, os romulanos inimigos dos vulcanos transportam quantidades de matéria vermelha. Esta matéria é uma sopa cósmica que ao entrar em contato com o núcleo de um planeta desencadeia uma singularidade semelhante às que criam os buracos negros. Ou que dão origem a universos como o nosso. Os teóricos do Big Bang garantem que uma singularidade criou a nossa espacialidade cósmica e seus veios de galáxias repletas de bilhões e bilhões de estrelas.

Também garantem que uma singularidade como a que os romulanos provocam com a tal matéria vermelha para destruir o planeta de Natal do oficial Spock poderá engolir o nosso planeta.

É este temor, o de que a Terra seja engolida por uma singularidade, que mobiliza os ativistas que se manifestaram contra a religação do acelerador de partículas gigante ocorrida ontem na França.

O primeiro acelerador, que funcionou em 1927, abriu um portal para o desconhecido mundo subatômico. Deste mundo, a humanidade mergulhou para a nanotecnologia que hoje permite os avanços da genômica.
E as pesquisas permitirão níveis de conhecimento inéditos.

Os ambientalistas que temem o fim do mundo a partir de um buraco negro criado por um acidente num acelerador de partículas têm motivos sim para se preocupar. Mas não têm força para bloquear a irresistível curiosidade da espécie diante dos enigmas da matéria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Arquivo do blog

Quem sou eu

Cidadão que gosta de produzir e receber informações