Bolsa celular: pró e contra


WALTER GALVÃO

A proposta do ministro das Comunicações, Hélio Costa, de distribuir celulares para beneficiários do Bolsa Família tem aspectos positivos e negativos.

Positivos:

integração de ampla fatia da população à tecnoesfera, ao campo da conectividade, o que representa avanço nas práticas culturais que favorecem apropriação de novas tecnologias;

alfabetismo tecnológico, uma porta de entrada para vivências mais intensas no campo das tecnologias acessíveis à população, o que inclui cartão Sus com chip e manuseio de terminais por aposentados entre outras práticas cotidianas;

mais segurança, interação e mais informação para os grupos sociais beneficiários do Bolsa Família que terão acesso aos celulares;

ampliação de um mercado, o da telefonia móvel, que já é um dos maiores do mundo. Portanto, estratégico para o governo brasileiro esse mercado que gera emprego, absorve tecnologia e gera negócios.

Aspesctos negativos:

clientelismo. Dificilmente em ano eleitoral um programa desse tipo deixará de ser usado como cacife político para barganha de votos;

renúncia fiscal. Serão R$ 2 bilhões que o governo deixará de arrecadar, já que a distribuição dos celulares implica em redução de impostos pagos pelas empresas do setor. A conta será paga pelo contribuinte que não será beneficiário do programa, nem direta nem indiretamente.

serviço ruim. 11 milhões de aparelhos de celulares serão distribuídos com a população ainda não integrada, o que obviamente representará problemas graves de tráfego dos pacotes de informação atualmente manejados pelas empresas. Trocando em miúdo: vai ficar mais difícil obter qualidade nas ligações.

O programa deve ser pensado não apenas pelos técnicos do governo, mas também pelo Congresso e principalmente pelas entidades que representam os consumidores. Devem ser pesados, avaliados os problemas e as soluções advindos do Bolsa Celular. Para que a sociedade conquiste uma política pública de acesso tecnológico e não sofra uma prática fisiológica com objetivos menores de ampliar espaços de poder de grupos interessados unica e exclusivamente em obter votos com os recursos da população.