sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cultura e consumo



Sangue de Coca-cola

WALTER GALVÃO

A coca-cola está entre as bebidas mais consumidas do mundo, a marca é referências de prestígio e poder, vincula-se à história da modernidade como um dos seus símbolos mais expressivos. É também alvo do ódio da militância ambientalista e do esquerdismo que persiste em todas as latitudes. Também é alvo do movimento antiglobalização.
Mas é um produto que simboliza a expansão do modo de vida capitalista que professa a democracia enquanto valor essencial para a sociabilidade plena.
O auge da literatura de contestação ao modo de vida capitalista pode ser identificado no coração da produção artística norte-americana dos anos 1960 representado pelos romances de Jack Kerouac, autor do clássico “On the road”. Pois bem, em “Big Sur”, romance saudado como um dos mais “sinceros” desta personagem emblemática da literatura beat, o protagonista está sentado à beira de um riacho junto à fogueira. Entre seus desejos, está o de tomar uma coca-cola...
A canção “Alegria, alegria”, hino pop da tropicália brasileira, de Caetano Veloso, também faz referencia explícita à bebida. Que está incrustada qual pérola negra na cultura contemporânea sendo mais que uma bebida, e sim um estilo de sentir a vida.
A Coca-cola monitora a vida das sociedades. Tenta moldar o gosto dos grupos sociais, principalmente dos jovens. Atentou este ano para o crescimento da classe média brasileira. E anunciou investimentos de R$ 11 bilhões nos próximos cinco anos na expansão do mercado.
Ao mesmo tempo, fabricantes de refrigerantes no Rio Grande do Sul e em São Paulo denunciam ao governo a prática de dumping por parte de marcas de refrigerantes das quais a Coca-cola é proprietária naqueles Estados. A grande indústria agiria, segundo os denunciantes, de forma ilegal, praticando preços baixíssimos, com o intuito de quebrar, de levar a concorrência à falência.
O escritor mineiro Roberto Drummond escreveu um romance com o título “Sangue de Coca-cola”. Mas no caso da denúncia, parece que a Coca-cola é que está querendo ver o sangue dos outros...

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