Conferência esvaziada
WALTER GALVÃO
Desaforo ou despreparo? A pergunta é o que resta em meio à frustração que inunda corações e mentes que pensam e sentem o meio ambiente enquanto espaço de propulsão da vida. Mentes e corações que acreditaram na sinceridade de autoridades que projetaram resultados positivos do encontro marcado para o próximo mês em Copenhague. Lá se realiza a CoP-15: Conferência das Partes da Convenção Quadro da ONU sobre Mudança de Clima.
O cancelamento de qualquer acordo em dezembro entre China e Estados Unidos foi o balde de água fervente e poluída sobre a pele da esperança da ecologia global.
Um desaforo para os que esperavam o destravamento dos Estados Unidos. O país recusou-se a assinar o Protocolo de Kyoto. A decisão foi uma espécie de sabotagem de tudo que ficou decidido em 1988 no Canadá quando da Toronto Conference on the Changing Atmosphere. Desse encontro, a articulação contra o efeito estufa desembocou no mar da Eco-92, Rio de Janeiro, depois de um evento similar realizado na Suécia (IPCC's First Assessment Report, em Sundsvall, agosto de 1990). Kyoto, em 1997, seria o grau zero da pactuação de metas físicas. Os Estados Unidos boicotaram tudo.
Agora, o cancelamento de qualquer acordo em Copenhague passa a idéia também do despreparo das grandes economias mundiais perante o envenenamento quente da atmosfera.
A agenda ambiental mais urgente é a gestão do efeito estufa e seus desdobramentos sobre a qualidade de vida de todos os povos. Há risco de perda pra todo mundo. A fé dos ambientalistas na lógica da necessária preservação da vida, da espécie, do planeta a partir de políticas de Estado – devaneio, utopia ou urgência planetária? – foi destroçada pelo pragmatismo que busca expansão ao infinito da curva do lucro médio da indústria. Mas se os Estados Unidos e a China não se organizaram suficientemente para convergência numa área tão crítica, o Brasil fez o dever de casa. Totalmente. Definiu meta ousada para redução da emissão de gases - até 38% menos CO2. Contribuição exemplar ao diálogo internacional, um exemplo a ser seguido.
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