segunda-feira, 30 de novembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
Democracia exige controle
WALTER GALVÃO
Alguém já disse que pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são. Hoje podemos atualizar o mote, dizer que as saúvas militam na internet em brigadas contra agrotóxicos e incluir a corrupção na lista de pragas que corroem as raízes do processo de desenvolvimento nacional.
É certo dizer que o país avançou muito no combate aos corruptos, mas estes se multiplicam em progressão geométrica enquanto aritmeticamente a nação vai extirpando os focos.
Atualmente, os adeptos dessa praga prática tão antiga quanto o ar que respiramos esfregam as mãos de contenamento a cada estocada que o presidente Lula desfere contra a legitimidade do controle das contas públicas exercido pelo TCU e pela CGU, principalmente contas de grandes obras.
A propósito dessa depredação do controle necessário, o ministro da Controladoria Geral da União escreveu artigo importante, publicado neste domingo no diário Folha de S. Paulo, reproduzido neste blog por atender ao interesse público e por oferecer uma linha de pensamento que merece ser analisada e discutida por todos que se interessam pela promoção da qualidade da democracia que construimos cotidianamente no Brasil.
Um debate equivocado
JORGE HAGE
A PARTIR das justas reclamações do presidente da República quanto à paralisação e ao atraso de obras de que o país tanto precisa, deflagrou-se um debate público que, na forma em que está posto, não levará a nada de útil. Serve só para acirrar ânimos e, pior, como pretexto para justificar conhecidas espertezas e mascarar incompetências. Se há inegáveis entraves que devem ser removidos, não é menos verdade que muitas das queixas veiculadas contra os órgãos de controle e apresentadas ao presidente por certos gestores quando cobrados por atrasos não têm nenhum fundamento.
Um exemplo: uma autoridade estadual alegou ao presidente que certa obra atrasara porque a CGU considerara exorbitante o preço de alguns disjuntores, um valor insignificante diante do custo da obra: R$ 10 ou R$ 15, em uma obra de R$ 50 ou R$ 60 milhões.Verifiquei e nada encontrei sequer parecido com isso: nem fora a CGU que fizera a tal glosa nem o montante era de R$ 15. Alcançava vários milhões de reais. Como esse, há inúmeros exemplos. Importa é colocar o debate em termos mais objetivos. A tensão entre gestores e órgãos de controle sempre existirá. E se resolve aplicando o princípio da razoabilidade. Ninguém há de discordar da necessidade de aprimoramento dos procedimentos de controle.
É indiscutível também que a paralisação de uma obra ou de um programa social é ruim para o país e só deve ocorrer como último recurso. Do mesmo modo que se responsabilizarão os culpados pelas fraudes, há que fazê-lo também quanto às paralisações descabidas. Mas a discussão, que já vinha malposta, distorceu-se ainda mais com a divulgação de um estudo de juristas de fora do governo, encomendado (há dois anos) pelo Ministério do Planejamento com vistas a um futuro projeto de lei orgânica da administração. Não se trata, ainda, de um projeto do Executivo, pois sua discussão mal começou.
A CGU, por exemplo, discorda de grande parte do que ali se propõe para a área do controle, pois há inúmeros equívocos, inclusive conceituais, além da ausência da visão concreta que só a vivência da prática oferece. O controle só de resultados é um ideal que pressupõe aprimoramento ainda não alcançado por nossa administração. Não podemos negligenciar o controle da legalidade e de procedimentos porque não temos, ainda, uma burocracia profissionalizada na maioria dos órgãos.
No atual governo é que se começou a restaurar a burocracia estável, que em grande parte fora substituída por terceirizações (de todos os tipos) nas últimas décadas. Isso na esfera federal. Pior ainda nas demais. Por isso mesmo, as licitações nem sempre são baseadas em bons projetos, pois não havia capacidade nos órgãos para elaborá-los. Os editais eram (ainda são, às vezes) influenciados pelas próprias empresas licitantes. Não temos bons referenciais de preços nem de especificações. E por aí vai. Assim, não dá para "facilitar" no controle da conformidade. O que se há de fazer, e estamos fazendo, é racionalizar ao máximo esse controle e combiná-lo com o de resultados. Procurando orientar o gestor antes que os problemas se tornem irreversíveis (controle preventivo).
Várias obras deixaram de ser paralisadas porque recebemos, na CGU, gestores federais, governadores e prefeitos para discutir os apontamentos de auditoria e encontrar soluções, levando em conta a lei e os resultados. Além disso, fazemos uso do que há de mais moderno na tecnologia da informação para prevenir situações de risco que se revelem frequentes, mapeando tipologias de fraudes (nosso Observatório da Despesa Pública já identificou mais de duas dezenas delas só na área de licitações).
Ademais, ampliamos a transparência dos gastos, para que os cidadãos participem, cada vez mais, da fiscalização, o que tem dado excelentes resultados (o Portal da Transparência, hoje referência global, vai agora abrir páginas sobre a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016, divulgando desde os projetos até a execução). É por aí que deve evoluir o controle. Não se trata de reduzi-lo nem de aumentá-lo, mas de racionalizá-lo, de forma a contribuir para a boa gestão, e não criar obstáculos a ela. Os obstáculos devem ser reservados para os que pretendam fraudar licitações, superfaturar obras, escamotear lucros no BDI. E, infelizmente, ainda encontramos muito disso em nosso dia a dia. No Brasil, como no mundo, nessa área não há anjos. A corrupção, aliás, é hoje tópico de destaque da agenda mundial. Não dá para baixar a guarda.
JORGE HAGE, 71, mestre em direito público pela UnB (Universidade de Brasília) e em administração pública pela Universidade da Califórnia (EUA), é ministro-chefe da Controladoria Geral da União.
sábado, 28 de novembro de 2009
WALTER GALVÃO
Relatório da ONU a que a BBC teve acesso é taxativo quanto à maior fonte de contaminação dos mares: o plástico.
Anualmente, uma montanha de lixo é jogada indiscriminada e criminosamente nos oceanos. No mundo inteiro o problema só se agrava. E o plástico é o principal vilão dessa tortura contra fauna e flora marinhas.
Não há políticas públicas de alerta eficientes, muito menos de responsabilização de quem comete o crime a despeito de as leis que preservam o meio ambiente serem claras: ninguém pode jogar lixo nos mares e nos rios. Em nenhum lugar.
O artigo 225 da Constituição Brasileira não deixa dúvidas: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o poder de difundi-la e preservá-la para a presente e futuras gerações.”
No parágrafo 3º, artigo 225, da Constituição Federal está escrito que: “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independente da obrigação de reparar o dano”.
A lei de crimes ambientais do Brasil não deixa dúvidas: “Causar poluição de qualquer natureza, em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.” Artigo 54, pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
WALTER GALVÃO
Os oceanos pedem socorro. Esta é uma realidade que precisa ser difundida em todos os espaços de convivência. Uma realidade que precisa ser debatida. Nas escolas, pelos movimentos sociais, pelos agentes econômicos. Os grandes grupos econômicos precisam se integrar à mobilização dos ambientalistas que alertam para os perigos do envenenamento dos mares que nos abraçam. Por uma necessidade que é de todos, de quem produz e de quem consome.
A propósito da próxima reunião, a SBCP distribuiu hoje o seguinte informe:
Já estão abertas, no site www.sbpcnet.org.br/natal, as inscrições para a 62ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada de 25 a 30 de julho de 2010, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal (RN). O tema central do evento será “Ciências do Mar: Herança para o Futuro” – assunto escolhido pelo fato de o litoral brasileiro se constituir em um ecossistema de alta relevância ambiental, com significativo potencial econômico e social para o País.
Até 21 de fevereiro, os interessados em se inscrever no evento terão descontos maiores na taxa de inscrição. Sócios da SBPC, nas categorias de estudantes de ensino superior e/ou professores da educação básica ou técnica e/ou sócios de sociedade associada, pagam R$ 20,00; professores de ensino superior e outros profissionais pagam R$ 50,00. Não sócios da SBPC pagam R$ 40,00 e R$ 100,00, nas respectivas categorias.
Já quem se associar à SBPC até essa data terá isenção na taxa de inscrição. Paga apenas pela anuidade: R$ 60,00 (estudantes, professores da educação básica ou técnica e/ou sócios de sociedade associada) ou R$ 110,00 (professores de educação superior e demais categorias), e tem ainda a vantagem de receber gratuitamente assinaturas da revista Ciência e Cultura e do Jornal da Ciência.
Atividades - Os inscritos na 62ª Reunião Anual da SBPC, além de terem a oportunidade de assistir a centenas de conferências, simpósios e mesas-redondas com a participação de cientistas renomados, têm direito de se inscrever (mediante pagamento adicional de R$ 10,00) em um dos minicursos que serão ministrados durante o evento.
A inscrição no evento também dá direito à submissão de resumos de trabalhos científicos, de qualquer área do conhecimento, de estudantes, professores de educação superior, pesquisadores ou profissionais; e de trabalhos de professores de educação básica ou técnica que versem sobre experiências ou práticas de ensino-aprendizagem. Os resumos submetidos pelos autores serão analisados e, caso sejam aceitos, serão programados para apresentação nas sessões de pôsteres (Leia as normas no site do evento).
Sobre o evento – A Reunião Anual da SBPC é um dos maiores eventos científicos do Brasil. Realizado desde 1948, com a participação de autoridades, gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia (C&T) e representantes de sociedades científicas, o evento é um importante meio de difusão dos avanços da ciência nas diversas áreas do conhecimento e um fórum de debate de políticas públicas em C&T.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
WALTER GALVÃO
Brasília - Eventos como o Fórum Mundial de Educação, que se realiza aqui entre os dias 23 e 27, constituem espaços para difusão de programas, projetos e ações, integrantes de políticas públicas ou não, que não circulam nos meios de comunicação.
São projetos transformadores que buscam inclusão social, otimização de processos em andamento, redefinição de políticas públicas ou que inauguram processos inéditos no âmbito da sociedade brasileira.
Indico a partir de agora alguns desses projetos que são divulgados aqui no Fórum que este ano é temático e discute a educação profissional e tecnológica.
COOPERGÊNERO - Iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que estabelece, no contexto do cooperativismo, uma política de promoção de inclusão e igualdade da mulher na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Objetivos do programa Coopergênero: contribuir para a construção da equidade/equilíbrio de gênero, no âmbito do cooperativismo e do associativismo brasileiro; sensibilização das mulheres para ocuparem os espaços de trabalho para geração de emprego e renda; inserção da mulher na economia de forma sustentável por meio do agronegócio; ações de capacitação na área de gênero para gestores e gestoras bem como lideranças cooperativistas e associativistas.
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA - O CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico oferece atualmente os seguintes instrumentos e programas: bolsas de formação, de pesquisa e extensão; editais para projetos de pesquisa, editais "primeiros projetos", programa de núcleos de excelência, institutos nacionais de ciência e tecnologia, editais para projetos dos fundos setoriais, apoio a aventos.
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, instituição sem fins lucrativos e definida pelo governo federal como organização social em 2002. Dessa forma o CGEE pode utilizar recursos públicos, do Ministério da Ciência e Tecnologia, para desenvolver atividades c om o objetivo de levantar subsídios de apoio a políticas públicas e estratégicas de negócios em ciência, tecnologia e inovação. Realiza estudos prospectivos, avaliação estratégica e informação e difusão do conhecimento.
Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, unidade do Ministério que atua na pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação promovendo interação entre empresas e academia. Tem foco importante na microeletrônica, atua com tecnologias tridimensionais (protipagem rápida) muito aplicadas na indústria automobilística, aeronáutica e naval e de bens de consumo. Atua também na promoção da robótica, desenvolvimento de softwares e serviços tecnológicos.
Revista Espaço Brasileiro - Editada pela Agência Espacial Brasil, do Ministério. A edição distribuída no Fórum (primeiro trimestre 2009) traz reportagem sobre os 20 anos de cooperação com a Rússia na área de pesquisa espacial. Traz reportagem também sobre o pioneirismo do Brasil na liberação das imagens de satélites. O Brasil é hoje o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo.
A semana C&T - Jornal da Semana de Ciência e Tecnologia, que se realizou no Brasil em outubro. cobertura completa das ações nacionais. Destaque para o crescimento da blogosfera científica que cresce sem parar. Informe sobre o novo portal que reúne blogs de ciência, ScienceBlogs, "filial" do maior portal científico do mundo.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - Publicação sobre o Programa Nacional de Plantas Medicinais e fitoterápicas. Documento em forma de livro traz o detalhamento do programa que visa a estabelecer o acesso e o uso racional das plantas medicinais por parte da sociedade brasileira. Lançado este ano, o programa foi aprova através da portaria interministerial 2960, dezembro de 2008.
ENCONTRO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO - realização: Instituto Paulo Freire, Prefeitura de Osasco. De 23 a 25 de fevereiro, 2010. Objetiva "gerar espaços de encontros e reflexões sobre temas fundamentais relacionados à discussão como um direito humano".
INSTITUTO PAULO FREIRE - Distribuição de folder bilingue (inglês-espanhol) com informações sobre o que é o Instituto, associação civil sem fins lucrativos criada em 1991 e oficializada em 1992 que constituiu uma rede internacional cujos membros, em mais de 90 países, em todos os continentes, garantem a continuidade e a reinvenção da obra de Paulo Freire. Tem por missão construir a cidadania planetária combatendo a injustiça, a desigualdade social, cultural e qualquer forma de violência.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - Informe sobre o Proeja – Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Instituído pelo decreto 5.840 de 13 de julho de 2006. Objetiva integrar educação profissional e educação de jovens e adultos. Oferece curso de formação inicial e continuada com ensino fundamental (1400 horas, mínimo), curso de formação inicial e continuada com ensino médio (1400 horas, mínimo) e curso de educação profissional técnica de nível médio com ensino médio (2400 horas, mínimo). Oferta obrigatória para a rede federal de ensino profissional e facultativa a Estados, municípios e privadas integradas ao Sistema S.
ASSOCIAÇÃO COLOMBIANA DE INSTITUTIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR COM TECNOLOGIA – Folder convite em português e espanho. “Estamos convidando você para, na Colômbia, em 2010, constituirmos uma Associação Latino-americana para o fomento da formação tecnológica. Cadastre-se no site www.aciet.org.co e receba toda informação sobre o programa para o primeiro trimestre de 2010.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – Cartaz e folder que anunciam a Conferência Nacional de Educação 2010. Data ainda não definida. Tema: construindo o sistema nacional articulado em educação: o plano nacional de educação, diretrizes e estratégias de ação. “Informe-se de como participar no seu município e no seu Estado”.
REVISTA DO TECNÓLOGO – Editada pelo Sindicato dos Tecnólogos do Estado de São Paulo. Edição dedicada aos 20 anos de fundação do sindicato.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
WALTER GALVÃO
Brasília - O maior computador da América Latina, capaz de processar 22 trilhões de operações por segundo, inicia operações no Nordeste a partir do próximo ano. Pesando duas toneladas, o supercomputador BlueGene/L, da IBM, preço estimado em R$ 20 milhões, foi doado à Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP), de Natal (RN), pela Escola Politécnica Federal de Lausanne, Suíça.
A principal aplicação do equipamento será na pesquisa em neurociências, especialidade dos estudos desenvolvida pela Associação Santos Dumont, presidida pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, autoridade internacional que decidiu há quatro anos transferir para o Nordeste o trabalho de repercussão mundial que realiza. Enfermidades do cérebro, a exemplo da doença de Parkinson, serão pesquisadas num patamar ainda não conquistado no país.
Outras áreas de atividade científica também serão otimizadas a partir da instalação do supercomputador, a exemplo dos estudos sobre clima, genômica e geologia. Os estudantes de todos os níveis serão beneficiados a partir da nova realidade computacional que o BluGene/L estabelecerá.
A vinda do supercomputador foi anunciada pelo ministro da Educação Fernando Haddad durante entrevista na tarde desta terça-feira (24) aos jornalistas presentes ao Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. O ministro disse também que a doação da Suíça, que foi intermediada pelo governo federal, possibilitará a criação de um campus especializado no Rio Grande do Norte em neurociências.
O ministro informou também que o governo federal fará investimentos de valor ainda não definido para construir a infra-estrutura necessária ao supercomputador que dispõe de 16 mil processadores combinados e interligados para o seu funcionamento, tecnologia que exige um suporte específico já que a máquina sequer pode ser desligada. A transferência da Suíça para o Brasil será uma operação de logística especial para manter o equipamento ativo.
Debatedores de vários países participam do Fórum
WALTER GALVÃO
Brasília - Filomena de Fátima Vieira Martins (Cabo Verde), Leonardo Boff (Brasil, foto), Miguel Nicolelis (Brasil), Paul Singer (Brasil), Bernard Charlot (França), Maria Victoria Angulo (Colômbia), Álvaro Marchesi (Espanha), Martha Ford (Canadá), Liliana Rodrigues (Portugal) e Changhong Yuan (China).
Esses são alguns dos pesquisadores que estão aqui em Brasília para iniciar na manhã desta terça-feira a programação do Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. A vastidão dos temas, que incluem desde a adequação dos currículos do ensino médio propedêutico ou formal às necessidades da educação profissional orientada ao mercado, à necessidade da difusão da prática da literatura de cordel como incentivo ao aprendizado da escrita (a cargo de professores da Paraíba), fazem do encontro um momento ímpar.
A pequena cidade surgida no Centro de Convenções Ulysses Guimarães de quase 20 mil habitantes, entre os participantes inscritos, os palestrantes, equipes de infra-instrutora, logística e administração, jornalistas do Brasil e do mundo, promete estabelecer marcos para o avanço da percepção e construção de novos caminhos para o enfrentamento dos desafios do setor.
Este Fórum Mundial da Educação, que nasceu em 2001 no âmbito do Fórum Social Mundial, é coordenado pelo Ministério da Educação, mas tem dezenas de instituições parceiras que o viabilizam e sinaliza para os 100 anos da criação da rede nacional de instituições de ensino tecnológico.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
WALTER GALVÃO
Cheguei hoje a Brasília para acompanhar o Fórum Mundial de Educação que este ano apresenta uma versão totalmente dedicada à educação profissional e tecnológica.
A cidade ostenta a sua elegância de sempre, o trânsito flui arrastado de uma asa a outra do plano piloto e a ferveção não para. No sonho urbanístico concretizado de Niemeyer e Lúcio Costa, em que não cabem esquinas, a agenda dos poderes é sempre polêmica.
As referências negativas à presença do líder iraniano Ahmadinejad pipocam nos diversos ambientes. Ele está de mãos dadas com o presidente Lula desde o início da manhã. Lula faz cara de paisagem para os reclamos do mundo democrático. São muitos os que rejeitam a recepção em Brasília ao radical que a exemplo de Chavez parece querer chutar o pau da barraca e botar mais lenha na fogueira do Oriente Médio.
Ahmadinejad susssura a todos pulmões, ou grita baixinho que pode perder a paciência com os inimigos, leia-se Israel, e mandar ver na construção de uma bomba.
Mas enquanto a bomba não é oficial, ele visita países parceiros (?) envolvidos em problemas históricos a exemplo do desenvolvimento estratégico a partir da educação, como é o caso do Brasil.
Mas esse é um tema que atrai o interesse de todos, e tanto é assim que nada menos que 16 países estão representados a partir da noite desta segunda-feira quando o presidente Lula fizer o discurso de abertura do Fórum MUndial de Educação Profissional e Tecnológica que terá também a presença do ministro da Educação, Fernando Haddad.
Os desafios do setor são enormes. Entre os mais expressivos estão a necessidade de ampliar a oferta para milhares de jovens no Brasil inteiro, definir propostas curriculares compatíveis com as necessidades do mercado e ao mesmo tempo assegurar que as competências estudantis não sejam exclusivamente orientadas pela lógica do mercado, estabelecer maior nível de comprometimento dos agentes econômicos na criação de centros de excelência de educação profissional sem fazer com que a experiência vitoriosa do Sesc/Senai sejam esvaziada...
A partir das 9 horas de amanhã (a abertura oficial na noite de hoje tem o presidente e exibições artísticas), começam as conferências, debates, oficinas e exposições. A Paraíba está presente com uma vasta caravana que inclui alunos, professores, pesquisadores e dirigentes. UM momento histórico da educação internacional.
domingo, 22 de novembro de 2009
WALTER GALVÃO
O diário "Folha de S. Paulo" denuncia neste domingo que deputados federais usam empresas fantasmas para legalizar uso irregular de verbas que recebem da Câmara Federal.
"A Folha obteve por via judicial as informações de cerca de 70 mil notas fiscais que foram objeto de reembolso aos deputados federais nos últimos quatro meses de 2008. É uma pequena amostra da caixa-preta que o Congresso mantém desde 2001, quando foi criada a verba indenizatória, adicional mensal de R$ 15 mil para despesas de trabalho (o salário de um deputado é R$ 16,5 mil)", noticia o jornal.
Informa também que ao analisar 2.000 páginas que foram encaminhadas pela Câmara dos Deputados por força de mandado de segurança constatou endereços fictícios, notas frias, empresas que ninguém conhece, entre outras irregularidades.
Os envolvidos usam desculpas inconsistentes, se contradizem e nada explicam sobre o porquê das irregularidades constatadas pelo jornal. A "Folha" revela que "os deputados baianos Severiano Alves (PMDB) e Uldurico Pinto (PHS) entregaram uma série de notas da Valente & Bueno Assessoria Empresarial, que informou à Receita funcionar num apartamento na Asa Sul de Brasília. O dono do imóvel nunca ouviu falar da firma”.
O jornal registra que “no período analisado, a Valente & Bueno teria recebido R$ 56 mil dos dois deputados, mas, segundo eles, os pagamentos remontam a 2006, o que elevaria o valor a pelo menos R$ 350 mil se o padrão de pagamentos for constante. Severiano e Uldurico disseram que os serviços foram prestados, mas não souberam detalhá-los".
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O Estado de S. Paulo
Manchete deste domingo: Caso Battisti expõe vale- tudo no STF
Ministros divergem nos julgamentos e se ofendem nos bastidores
O caso da extradição do ativista italiano Cesare Battisti expôs o clima de vale-tudo entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em conversas reservadas, há magistrados que até xingam colegas por desavenças nos julgamentos, relatam Felipe Recondo e Mariângela Gallucci. Recentemente, ao citar o caso Battisti , um deles questionou se o autor de determinado voto chegaria ao STF se tivesse de se submeter a exame prévio de sanidade mental. Outro, chamado de “burro” por um de seus pares numa conversa reservada, acusou um terceiro de ser “menino de recados” do presidente do Supremo, Gilmar Mendes. Para o ministro Eros Grau, a paixão está se sobrepondo à razão no STF.
Veja
Lula, o mito, a fita e os fatos
- Pago por empresas privadas com interesses no governo, o filme sobre a vida do presidente é um melodrama que depura a sua biografia, endeusa o político e servirá de propaganda em 2010
Não deu para apagar o apagão – O governo tentou encerrar a discussão sobre o blecaute apelando para raios simultâneos, mas a gênese do problema pode ter sido uma falha no isolamento elétrico da linha de Itaipu. (págs. 84 e 85)
Uma enorme asneira jurídica – O STF decidiu que dar refúgio a Cesare Battisti é ilegal e que ele deve ser extraditado. Mas também disse que a palavra final é de Lula, quebrando uma tradição de 200 anos. (págs. 86 a 88)
Os riscos de desmontar o relógio – Ao mexer nas molas vitais da estabilidade, a equipe econômica flerta com o experimentalismo, o que evitou fazer nos sete anos do governo Lula. (págs. 116 a 118)
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Época
A busca pelo viagra feminino
- Uma nova droga promete combater a falta de desejo nas mulheres. Funciona mesmo ou será mais uma jogada da indústria farmacêutica?
Exclusivo
- A usina de R$ 150 milhões que nunca ficou pronta
Ahmadinejad
- Por que afinal estamos recebendo este cara?
Namoro ou amizade? – O encontro entre Aécio Neves e Ciro Gomes irrita os partidários de Serra e expõe as fragilidades do PSDB e da oposição para se unir e enfrentar o governo nas eleições. (págs. 52 a 54)
O homem-bomba do Banco Central – Como o diretor de política monetária do BC, Mario Torós, deflagrou uma crise ao revelar intrigas palacianas, disputas de poder e prejuízos bilionários durante o caos financeiro de 2008. (págs. 57 a 59)
Porta aberta para Battisti – A tendência do presidente Lula é manter o ex-terrorista no país, depois que o Supremo, numa decisão polêmica, lhe deu a palavra final sobre a extradição. (págs. 60 e 61)
Foi culpa da chuva? – O governo atribui a queda de energia a motivos triviais, a oposição faz graça e as dúvidas crescem. (pág. 62)
A construção da marca Lula – A vida do presidente virou tema de um filme melodramático e de dois novos livros. Vêm aí o CD, o DVD e talvez uma minissérie para a TV. Isso é bom? (págs. 70 e 71)
5 razões para ser otimista com o clima – Por que a luta contra o aquecimento global continua, mesmo diante de um impasse na conferência de Copenhague. (págs. 84 a 88)
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ISTOÉ
Qual o seu índice de felicidade?
- Por que empresas e até governos estão preocupados em saber o seu nível de satisfação e bem-estar e utilizam métodos científicos para medir a Felicidade Interna Bruta
Pós-mensalão
- Eva, mulher de Zé Dirceu, vira marqueteira e quer refazer a imagem do marido
Lula esquenta o clima – Brasil abandona posição vacilante, reassume liderança no debate ambiental e exige compromisso de EUA e China. (págs. 36 a 38)
Tensão no QG de Dilma – Os bastidores do comando de campanha da ministra depois da crise do apagão. (págs. 42 e 43)
Os candidatos e seus monumentos – Todo político brasileiro aposta em uma grande obra como cartão de visita eleitoral. Mas será que essa estratégia ainda funciona? (págs. 48 a 50)
O enviado de Lula – Em eleições de cartas marcadas, Dutra será eleito o novo presidente nacional do PT. (pág. 58)
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ISTOÉ Dinheiro
O plano Vivendi para o Brasil
- Jean-Bernard Lévy, CEO da Vivendi, revela com exclusividade à DINHEIRO por que pagou R$ 7 bilhões para comprar a GVT e entra no mercado brasileiro de telefonia. Seu plano: reduzir o preço da banda larga, da tevê por assinatura e incomodar (muuuiiito) a concorrência
E mais:
- Conheça o surpreendente Amos Genish, q eu há dez anos comprou uma concessão de telefonia no Brasil por R$ 100 mil e acaba de vendê-la por R$ 7 bilhões
Ponto de equilíbrio no BC – Aldo Mendes, o novo diretor de Política Monetária, será um moderador entre as visões antagônicas da Fazenda e do BC. (pág. 41)
O fogo amigo de José Serra – O professor João Manuel Cardoso de Mello é o único a fumar na sala do governador e um de seus raros gurus na economia, mas, mesmo assim, não o poupa de críticas. (págs. 45 e 46)
O que o Brasil ganha com ele? – Sob protestos, o Brasil recebe o presidente do Irã, que chega cercado de polêmica. (pág. 47)
Na era do real forte – A moeda brasileira nunca teve tanto poder de compra como agora. E isso provoca profundas mudanças na vida das empresas e dos consumidores. (págs. 52 a 54)
Mais R$ 4 bilhões a caminho – Ford anuncia seu maior investimento em 90 anos de Brasil. A meta é ambiciosa: se aproximar dos líderes. (pág. 62)
CartaCapital
Loucura ou política?
- Entenda o Irã de Mahmoud Ahmadinejad, que desembarca no Brasil sob protestos
Kátia Abreu
- A rainha do latifúndio improdutivo
A doença dos juros – Protagonista – O vice-presidente José Alencar trata com cautela sua melhora de saúde e afirma: o Brasil progride não por causas, mas a despeito da política monetária. (págs. 32 a 34)
Os barbeiros de Brasília – História – A crise financeira expôs as vulnerabilidades do Banco Central. (pág. 35)
Caiu no colo de Lula – Caso Battisti – O STF repassa ao presidente a palavra final sobre a extradição. (págs. 36 e 37)
A lei do mais forte – Poder – No Brasil, o Congresso quer legalizar o lobby. Vale olhar a experiência dos EUA, onde a transparência da atividade não tornou o assédio menos deletério. (págs. 68 a 71) (Resumo adaptado da sinopse de imprensa da Radiobras)
sábado, 21 de novembro de 2009
Ciência
Física de partículas e o fim do mundo
WALTER GALVÃO
O novo filme da série “Star Trek – Jornada nas estrelas” aborda dois temas sempre presentes na agenda das especulações científicas mais avançadas: viagem no tempo e singularidades no espaço-tempo. Os dois fenômenos estão interligados, têm na curvatura espaço-tempo teorizada e descrita por Einstein a base conceitual e seus princípios – relações de não causalidade, unificação da gravitação e do eletromagnetismo, dimensões extra do espaço-tempo – são postos em prática em grandes laboratórios.
A convergência de pesquisadores do mundo inteiro, desde os anos 1920, principalmente físicos e matemáticos, legou à contemporaneidade os aceleradores de partículas (na imagem acima, o acelerador gigante LHC religado ontem). São engenhocas fabulosas através das quais os cientistas conseguem manipular forças contidas no interior do átomo e conduzir as partículas por determinadas trajetórias.A necessidade de tais pesquisas? Ora, imagine você transportar num pen drive energia suficiente para iluminar por mil anos 24 horas por dia uma cidade como São Paulo... É disso que estamos tratando.
Voltando a “Star Trek” e às singularidades espaço-tempo, no filme, os romulanos inimigos dos vulcanos transportam quantidades de matéria vermelha. Esta matéria é uma sopa cósmica que ao entrar em contato com o núcleo de um planeta desencadeia uma singularidade semelhante às que criam os buracos negros. Ou que dão origem a universos como o nosso. Os teóricos do Big Bang garantem que uma singularidade criou a nossa espacialidade cósmica e seus veios de galáxias repletas de bilhões e bilhões de estrelas.
Também garantem que uma singularidade como a que os romulanos provocam com a tal matéria vermelha para destruir o planeta de Natal do oficial Spock poderá engolir o nosso planeta.
É este temor, o de que a Terra seja engolida por uma singularidade, que mobiliza os ativistas que se manifestaram contra a religação do acelerador de partículas gigante ocorrida ontem na França.
O primeiro acelerador, que funcionou em 1927, abriu um portal para o desconhecido mundo subatômico. Deste mundo, a humanidade mergulhou para a nanotecnologia que hoje permite os avanços da genômica.
E as pesquisas permitirão níveis de conhecimento inéditos.
Os ambientalistas que temem o fim do mundo a partir de um buraco negro criado por um acidente num acelerador de partículas têm motivos sim para se preocupar. Mas não têm força para bloquear a irresistível curiosidade da espécie diante dos enigmas da matéria.
Após mais de um ano passando por reparos, o acelerador de partículas gigante LHC foi religado ontem no túnel circular de 27 km onde fica, na fronteira da Suíça com a França. A máquina estava parada desde agosto de 2008, quando foi danificada por um acidente de projeto.
Físicos injetaram ontem o raio de núcleos atômicos necessário ao experimento e fizeram o feixe circular duas vezes no túnel, mas sem acelerá-lo. O teste de aceleração deve ser feito em dois dias.O objetivo do projeto é fazer os núcleos do raio colidirem a altíssimas energias para estudar a natureza de partículas subatômicas.
"O que fizemos [ontem] foi um "beam splash", um teste", diz Denis Damázio, físico brasileiro no LHC. "Pusemos um objeto na linha do feixe para ele colidir e criar uma cascata de partículas que ilumina os detectores."O início dos trabalhos capazes de render ciência inovadora, a altas energias, deve ocorrer só no meio de dezembro, afirma o Cern, laboratório europeu que abriga o acelerador de partículas.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Saúde
Maconha altera espermatozóides
A maconha altera a produção de espermatozoides e tem impacto na fertilidade do homem, aponta uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) que ainda está em andamento. Os dados preliminares, baseados na análise de 32 homens, foram divulgados durante o Congresso Brasileiro de Urologia, que aconteceu na semana passada em Goiânia.Segundo o urologista Jorge Hallak, coordenador da Unidade de Toxicologia Reprodutiva e de Andrologia da USP, com o consumo de maconha os espermatozoides mudam de formato e perdem a mobilidade, dificultando a fecundação."Basta consumir a droga uma vez por semana para ocorrer a alteração dos gametas", alerta o médico, que acompanha um grupo de usuários de maconha há sete anos.Uma linha de pesquisa parecida tem sido desenvolvida pela Universidade Queen, de Belfast, na Irlanda do Norte. Os pesquisadores examinaram o efeito da THC -a substância ativa da maconha- no esperma e verificaram que, além de dificultar a chegada do sêmen ao óvulo, a maconha prejudica outras funções do esperma, como a habilidade de romper a camada protetora do óvulo.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Polêmica na Saúde
Mamografia: Brasil
rejeita orientação dos EUA
Em nota oficial, a Sociedade Brasileira de Mastologia refutou a nova recomendação norte-americana para rastreamento de câncer de mama, que indica a mamografia de rotina a partir dos 50 anos, em intervalos de dois anos, para mulheres que não pertencem aos grupos de risco.
"A Sociedade Brasileira de Mastologia mantém a posição de que a mamografia é necessária a partir dos 40 anos e deve ser feita anualmente", diz o comunicado assinado pelo presidente da entidade, Ricardo Chagas. Segundo ele, no Brasil há uma alta incidência de tumores em estágio avançado por causa do diagnóstico tardio.
A posição do Inca (Instituto Nacional do Câncer) é outra. "Desde 2006 temos evidências de que não há grande benefício em rastrear mulheres jovens", afirma Ana Ramalho Ortigão, gerente da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica do Inca. O órgão continuará não recomendando o rastreamento antes dos 50 anos, segundo Ortigão.
Mário Mourão Netto, diretor do departamento de mastologia do Hospital do Câncer A.C. Camargo, afirma que continuará realizando o exame anual a partir dos 40 anos para o grupo de baixo risco. "A mamografia em si não aumenta a sobrevida, mas possibilita iniciar o tratamento mais cedo e melhorar a resposta [da paciente] a ele", diz o oncologista.
Alfredo Barros, coordenador do núcleo de mastologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, é da mesma opinião. "Se há trabalhos mostrando desvantagens [da mamografia precoce], outros mostram a sua importância."
Galeano, voz da América
WALTER GALVÃO
Por Fania Rodrigues
Um dos mais respeitados escritores e intelectuais da América Latina, Eduardo Hughes Galeano recebeu a Caros Amigos numa tarde de segunda-feira, no Café Brasilero, em Montevidéu. Aos 69 anos fala, em fluente português, sobre sua literatura, o amor pelos cafés e, claro, sobre política. Uruguaio de nascimento (1940), latino-americano por devoção e cidadão do mundo por paixão, quando criança, sonhava em ser jogador de futebol. “Era uma maravilha jogando, mas só de noite, enquanto dormia”. Melhor assim. Os campos de futebol não perderam nada, porém a literatura ganhou um verdadeiro artesão das palavras. Suas obras combinam elementos da literatura, sensibilidade e observação jornalística, que estão sempre em função de suas paixões. Autor de mais de trinta livros, dezenas de crônicas e artigos, Galeano também é um exímio defensor do socialismo, dos direitos e da dignidade humana. Entre seus livros, pode se destacar As veias abertas da América Latina, a trilogia Memória doFogo, Livro dos Abraços e o último, Espelhos – uma história quase universal, lançado em 2008, em que o autor reescreve, a partir de um outro ponto de vista, episódios que a história oficial camuflou. Galeano “remexe no lixão da história mundial” para dar voz aos “náufragos e humilhados”.
Você nasceu em Montevidéu? Gostaria que falasse um pouco da sua infância?
Eduardo Galeano - Sim, nasci em Montevidéu. Minha infância? Eu nem lembro, já faz tanto tempo... Mas acho que foi bastante livre. Eu morava em um bairro quase no limite da Montevidéu, onde havia grandes edifícios. Então tinha espaço verde. Sinto pena das coitadas das criancinhas que vejo agora, prisioneiras na varanda de casa. Meninos ricos são tratados como se fossem dinheiro, meninos pobres são tratados como se fossem lixo. Muitos, pobres e ricos, viram prisioneiros, atados aos computadores, à televisão ou a alguma outra máquina. Mas eu tive uma infância muito livre. Fiz a escola primária, secundária, depois comecei a trabalhar por minha conta. Então, com 15 anos, já era completamente livre.
Em que trabalhou?
Fiz de tudo o que você possa imaginar. Fui desenhista (adoro desenhar até hoje), taquígrafo, mensageiro, funcionário de banco, trabalhei em agência de publicidade, cobrador... Fiz milhares de coisas, mas, sobretudo, comecei a aprender o ofício de contar história. Eu era um cuenta cuentos (conta contos). E aprendi a fazer isso nos cafés, como esse onde a gente está agora falando, que leva o honroso nome de Brasilero.
O mais tradicional dos cafés uruguaios se chama Brasilero!
E esse é último sobrevivente, o último dos moicanos dos cafés nos quais eu fui formado. Minha universidade foram os cafés de Montevidéu, foi aqui que aprendi a arte de narrar, a arte de contar histórias.
Conversando com as pessoas?
Escutando. Conversando sim, mas aprendi muito mais escutando. Desde muito menino aprendi que, por alguma razão, nascemos com dois ouvidos e uma única boca. Mas esses cafés típicos de Montevidéu pertenciam a uma época que não existem mais. Pertenciam a um tempo no qual havia tempo para perder o tempo.
Como foi sair do Uruguai, na época da ditadura (1973-1984)?
Quando a ditadura se instalou, eu corri para a Argentina, em 1973. Lá fundei uma revista cultural chamada Crisis. Depois fui obrigado a voar de novo. Não podia voltar para o Uruguai, porque não queria ficar preso, e fui obrigado a sair da Argentina porque não queria ser morto. A morte é uma coisa muito chata. Então fiquei na Argentina até o final de 1976, quando se instala a Ditadura argentina. Aí fui para a Espanha, onde fiquei até o final de 1985. Depois disso voltei para o Uruguai. No começo, minha situação em Barcelona foi muito complicada. Eu não tinha documentos, pois a Ditadura uruguaia se recusava a fornecer. O que possuía era um documento de salvo conduto das Nações Unidas, que não servia para muita coisa. Eu tinha que ir todo mês à polícia renovar o meu visto de permanência e passava o dia inteiro preenchendo formulários de perguntas. Então, um dia, onde dizia profissão, coloquei escritor, entre aspas, de formulários. Mas ninguém percebeu. A polícia achou normal ser escritor de formulários!
Havia duas listas das ditaduras do Cone Sul. Uma, com os nomes das pessoas que estavam marcadas para morrer e outra para a extradição. Em qual você estava?
Eu tive sorte. Não me lembro de ter sido envenenado, nem mesmo pelos críticos literários. Claro que sofri muitas ameaças, mas não vou fazer aqui uma apologia do mártir, do herói da revolução. Mas claro que a vida não era fácil, sobretudo por que a situação dessa revista que fundei na Argentina era difícil, pois chegava muito além das fronteiras tradicionais das revistas culturais. Nós vendíamos entre 30 e 35 mil exemplares. Isso, para uma revista cultural, era uma prova de resistência. Nós pensávamos em fazer era um resgate das mil e uma formas de expressão da sociedade. Não apenas dos profissionais da cultura, mas também das cartas dos presos, da cultura contada pelos operários das fábricas, que raramente viam a luz o sol. Esse tipo de coisa que para nós também era cultura.
O livro As Veias abertas da América Latina foi escrito na década de 1970. Hoje, é possível escrever um novo Veias Abertas?
Para mim esse livro foi um porto de partida, não de chegada. Foi o começo de algo, de muitos anos de vida literária e jornalística tentando redescobrir a realidade, tentando ver o não visto e contar o não contado. Depois de Veias escrevi muitos livros que foram continuações, de um certo modo, e uma tentativa de cavar, cada vez mais profundamente, a realidade. Isso com o objeto de ampliar um pouco as ideias, porque Veias é um livro limitado à economia política latino-americana. Os livros seguintes têm que ser lidos com a vida toda, nas suas múltiplas expressões, sem dar muita bola nem ao mapa, nem ao tempo. Se eu fico apaixonado por uma história, me
ponho a contar histórias de qualquer lugar do mundo e de qualquer tempo. Conto a história da história, que podem ter acontecido há 2 mil anos e tento escrever de tal modo que aconteçam de novo, na hora em que são contadas. Aí está o verdadeiro ofício de contar, que aprendi nos cafés de Montevidéu, que inclusive permite a você escutar o som das patas dos cavalos, sentir o cheiro da chuva...
Pode-se dizer que hoje existe uma demanda por governos de esquerda na América Latina? Em sua opinião, esses governos têm contribuído para diminuir a pobreza e a desigualdade social nesses países?
O que existe é um panorama muito complexo e diverso de realidades diferentes. Também vemos respostas sociais e políticas diversas. Isso é o que nossa região do mundo tem de melhor: sua diversidade. Esse encontro de cores, de dores tão diferentes, é a nossa riqueza maior. Os novos movimentos, como esses, que estão brotando por toda parte, que tentam oferecer uma resposta diferente às desigualdades sociais, contra os maus costumes da humilhação e o fatalismo tradicional, também são respostas diversas porque expressam realidades diferentes. Não se pode generalizar. O que existe sim é uma energia de mudança. Uma energia popular que gera diversas realidades, não só política, mas realidades de todo tipo, tentando encontrar respostas, depois de vários séculos de experiências não muito brilhantes em matéria de independência. Agora estamos comemorando, em quase todos os países, o bicentenário de uma independência que ainda é uma tarefa por fazer.
O que falta para a América Latina ser completamente independente?
Romper com o velho hábito da obediência. Em vez de obedecer à história, inventá-la. Ser capaz de imaginar o futuro e não simplesmente aceitá-lo. Para isso é preciso revoltar-se contra a horrenda herança imperial, romper com essa cultura de impotência
que diz que você é incapaz de fazer, por isso tem que comprar feito, que diz que você é incapaz de mudar, que aquele que nasceu, como nasceu vai morrer. Porque dessa forma não temos nenhuma possibilidade de inventar a vida. A cultura da impotência te ensina
a não vencer com sua própria cabeça, a não caminhar com suas próprias pernas e a não sentir com seu próprio coração. Eu penso que é imprescindível vencer isso para poder gerar uma nova realidade.
A América Latina copiou um modelo de desenvolvimento que não foi feito para ela. É possível inventar um modelo próprio de desenvolvimento?
Não vou entrar em detalhes porque se fosse falar da quantidade de cópias erradas seria uma lista infinita. O desafio é pensar no que queremos ser: originais ou cópias? Uma voz ou eco? Agora estamos tentando recuperar nossa própria voz, em diferentes países, de diversas maneiras.
A implantação das bases dos Estados Unidos na Colômbia fere a dignidade do povo latinoamericano e compromete a independência e a liberdade da América do Sul?
Sim. É a continuação de uma tradição humilhante. Também há o perigo da intervenção direta dos Estados Unidos nos países latino-americanos. Meu mestre, Ambroce Bierce, um escritor norte-americano maravilhoso, quando se iniciou a expansão imperial dos Estados Unidos, no século 19, dizia que a guerra é um presente divino enviada por Deus para ensinar geografia. Porque assim eles (estadunidenses) Aprendiam geografia. E é verdade. Os EUA têm uma tradição de invadir países sem saber onde estão localizados e como são esses países. Tenho até a suspeita de que (George W.) Bush achasse que as Escrituras tinham sido inventadas no Texas e não no Iraque, país que ele exterminou. Então, esse perigo militar latente é muito concreto. Atualmente os EUA possuem 850 bases militares em quarenta países. A metade do gasto militar mundial corresponde aos gastos de guerras dos EUA. Esse é um país em que o orçamento militar se chama orçamento de defesa por motivos, para mim, misteriosos e inexplicáveis. Porque a última invasão sofrida pelos EUA foi em 1812 e já faz quase dois séculos. O ministério se chama de defesa, mas é de guerra, mas como que se chama de defesa? O que tem a ver com a defesa? A mesma coisa se aplica às bases na Colômbia, que também são “defensivas”. Todas as guerras dizem ser “defensivas”. Nenhuma guerra tem a honestidade de dizer “eu mato para roubar”. Nenhuma, na história da humanidade. Hitler invadiu a Polônia porque, segundo ele, a Polônia iria invadir a Alemanha. Os pretextos invocados para a instalação dessa base dos EUA na Colômbia não são só ofensivas contra a dignidade nacional dos nossos países, como também ofensivas contra a inteligência humana. Por que dizer que serão colocadas lá para combater o tráfico de drogas e o terrorismo? Tráfico de drogas, muito bem... 80% da heroína que se consome no mundo inteiro vem do Afeganistão. 80%! Afeganistão é um país ocupado pelos EUA. Segundo a legislação internacional, os países ocupantes têm a responsabilidade sobre o que acontece nos países ocupados. Se os EUA têm interesse de verdade de lutar contra o narcotráfico, têm que começar pela própria casa, não pela Colômbia e sim pelo Afeganistão, que faz parte da sua estrutura de poder, e que é o grande abastecedor de heroína, a pior das drogas. O outro pretexto invocado é o terrorismo. Mas não é sério. Não é sério, por favor. A grande fábrica do terrorismo é essa potência mundial que invade países, gera desespero, ódio, angústia. Sabe quem esteve sessenta anos na lista oficial dos terroristas dos EUA? Nelson Mandela, Prêmio Nobel, presidente da África do Sul. Cada vez que viajava aos EUA, ele precisa de um visto especial do presidente dos Estados Unidos, porque era considerado um terrorista perigoso durante sessenta anos. Até 2008. É desse terrorismo que estão falando? Imagina se eu fosse incorporado agora na lista dos terroristas dos EUA e tivesse que esperar sessenta anos para ser tirado. Acho que daqui há sessenta anos vou estar um poquitito mortito.
Fania Rodrigues é jornalista
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
WALTER GALVÃO
O direito à vida é um princípio universal que inspirou e inspira ações de indivíduos e grupos na construção permanente das condições para que existam cultura e civilização. Um princípio que atua igual a corrente contínua transportando entre gerações e gerações intuições sobre as prerrogativas do ser, da pessoa, tais como liberdade e dignidade. Transmite também certezas e conquistas a exemplo dos pactos que geram normas, que fixam leis, impulsionando modelos e aperfeiçoando formas de interação para a defesa dos direitos que compreendemos por humanos.
Os crimes contra a saúde pública representam atentados terroristas na cidadela da cidadania. Atacam os direitos humanos. Inviabilizam a saúde. Comprometem serviços. Corroem a confiança da sociedade nas instituições que ela mesma constrói e elege para guardar, promover e resgatar princípios como o direito à vida e intuições como liberdade.
Os crimes contra a saúde pública são tema do III Seminário Paraibano de Direito Sanitário que a agência estadual de Vigilância Sanitária - Agevisa realiza hoje e amanhã em João Pessoa. Especialistas das áreas de saúde e direito que atuam na construção e gestão de políticas públicas que criam, promovem e resgatam instrumentos e espaços de defesa da cidadania reúnem-se no auditório da Fiep (rua Rodrigues Chaves).
Eles discutirãodas 9 às 17 horas o que foi feito, o que se faz e o que deve ser feito para reduzir a ação criminosa que desvia recursos da saúde, que bloqueia o acesso da população à qualidade no setor, que promove riscos e amplia a insegurança na área.
Temas como drogas, crimes contra a saúde e crimes contra as instituições públicas de saúde, falsificação de medicamentos, corrupção nos serviços serão objetos de conferências e debates. Uma ação que interessa não só aos que atuam direta e indiretamente na área, mas a todos e todas que querem contribuir criticamente contra os atentados ao direito à vida.
Villa em livros
WALTER GALVÃO
"Mestres da Música: Heitor Villa-Lobos" - Heitor Villa-Lobos soube como ninguém captar os sons, os ruídos, as cores e os sabores da nossa terra. Sensível e observador, transpôs para suas composições tudo o que acontecia ao seu redor. Tudo o que Villa-Lobos compôs é tão autenticamente brasileiro que sua música não ficou restrita às salas de concertos: ela ganhou as ruas e alcançou todas as pessoas que se emocionam com a riqueza de nossos rios, florestas e animais.
"Villa-Lobos: uma Vida de Paixão" - Além de gerar uma obra musical que lhe deu o título de maior compositor brasileiro de todos os tempos, e um dos grandes do mundo, Villa-Lobos teve uma vida rica de emoções, aventuras e percalços. Sua história é narrada neste livro de Joaquim Assis e Zelito Viana, num relato biográfico solto, que em momentos se mescla com ficção, mas que se assenta em profunda e longa pesquisa sobre vida e obra daquele genial brasileiro, com equipe coordenada pela pesquisadora e escritora Claudia Furiati.
"Villa-Lobos: Alma Brasileira" - Bastante jovem, Villa-Lobos viajou por todo o Brasil, fazendo parcerias com músicos populares do Nordeste e chegando a conviver na Amazônia com tribos indígenas ainda arredias. Extraiu das fontes mais profundas da alma musical brasileira a inspiração para mais de mil composições: sinfonias, poemas sinfônicos, estudos para violão, choros, bachianas, cirandas e serestas. A série "Identidade Brasileira" se orgulha de incluir o estudo de Maria Maia sobre a vida e as obras de Villa-Lobos, brasileiro genial.
"Heitor Villa-Lobos" - Com narrativa amena e interessante, este livro inclui dados técnicos e bibliografia comentada, fornecendo elementos para aqueles que desejam se aprofundar no estudo de qualquer aspecto da obra de Villa-Lobos. O livro aborda os seguintes temas: posição de Villa-Lobos na música brasileira, sua infância, em busca da personalidade, a Semana de Arte Moderna, Paris, o reconhecimento mundial, o caráter educador, as peças para piano, os concertos e as sinfonias.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Música do Mundo
Villa-Lobos
WALTER GALVÃO
Indispensável esta homenagem que se faz por esses dias ao compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos. Ao falecer em novembro de 1959, o músico carioca deixou obra consolidada internacionalmente. Projetou a música no Brasil enquanto referência cultural transformadora, princípio de identidade, recurso poético para o diálogo entre saberes e painel estruturado das características do nosso processo social.
A obra de Villa-Lobos projetou para o mundo uma afirmação de invenção e criatividade no século XX da mesma estatura dos grandes gênios a ele contemporâneos, nomes a exemplo de Stravinsky e Bela Bartók.
Fixou padrão criativo capaz de ecoar no futuro como proclamação de que fora do eixo hegemônico europeu era e é possível fazer música de alta qualidade.
Em Paris, nos anos 1920, Villa-Lobos descobriu que a fronteira para a invenção musical era não ter fronteiras. Conheceu, filtrou, analisou o melhor da tradição da música romântica, apropriou-se de abordagens e métodos, da sintaxe e da análise e com esse instrumental elaborou seu próprio universo estético. Na década de 1940, quando estreou como regente nos Estados Unidos, Villa-Lobos conquistou definitivamente o mundo na condição de inventor de sonoridades. Criador de uma obra sólida e plural, o compositor brasileiro experimentou o timbre, as características de cada som a partir de diferenciadas fontes, além de texturas e dissonâncias para estabelecer sonoridades inovadoras que definiram os fundamentos da moderna música brasileira.
Villa-Lobos compôs choros com a mesma grandiosidade das sinfonias com as quais impactou o mundo. Redefiniu positivamente a composição para violão. Elevou o fagote à condição de solista carismático e o violoncelo sob o seu controle vivencia expansão poética ilimitada: “pode soar até como pandeiro”. Villa-Lobos visitou João Pessoa em 1951. Na oportunidade reafirmou que fez do Brasil sua fonte radical de inspiração e que por isso foi criticado. Além de qualquer nacionalismo, a música de Villa é a projeção da diversidade que faz a leveza e a grandeza do país. Música para os povos, infinita e bela.
Conferência sobre clima
Brasil lidera motim contra EUA e China
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Conferência esvaziada
Desaforo ou despreparo? A pergunta é o que resta em meio à frustração que inunda corações e mentes que pensam e sentem o meio ambiente enquanto espaço de propulsão da vida. Mentes e corações que acreditaram na sinceridade de autoridades que projetaram resultados positivos do encontro marcado para o próximo mês em Copenhague. Lá se realiza a CoP-15: Conferência das Partes da Convenção Quadro da ONU sobre Mudança de Clima.
O cancelamento de qualquer acordo em dezembro entre China e Estados Unidos foi o balde de água fervente e poluída sobre a pele da esperança da ecologia global.
Um desaforo para os que esperavam o destravamento dos Estados Unidos. O país recusou-se a assinar o Protocolo de Kyoto. A decisão foi uma espécie de sabotagem de tudo que ficou decidido em 1988 no Canadá quando da Toronto Conference on the Changing Atmosphere. Desse encontro, a articulação contra o efeito estufa desembocou no mar da Eco-92, Rio de Janeiro, depois de um evento similar realizado na Suécia (IPCC's First Assessment Report, em Sundsvall, agosto de 1990). Kyoto, em 1997, seria o grau zero da pactuação de metas físicas. Os Estados Unidos boicotaram tudo.
Agora, o cancelamento de qualquer acordo em Copenhague passa a idéia também do despreparo das grandes economias mundiais perante o envenenamento quente da atmosfera.
A agenda ambiental mais urgente é a gestão do efeito estufa e seus desdobramentos sobre a qualidade de vida de todos os povos. Há risco de perda pra todo mundo. A fé dos ambientalistas na lógica da necessária preservação da vida, da espécie, do planeta a partir de políticas de Estado – devaneio, utopia ou urgência planetária? – foi destroçada pelo pragmatismo que busca expansão ao infinito da curva do lucro médio da indústria. Mas se os Estados Unidos e a China não se organizaram suficientemente para convergência numa área tão crítica, o Brasil fez o dever de casa. Totalmente. Definiu meta ousada para redução da emissão de gases - até 38% menos CO2. Contribuição exemplar ao diálogo internacional, um exemplo a ser seguido.
domingo, 15 de novembro de 2009
WALTER GALVÃO
A Espanha lê neste domingo as buscas por parcerias internacionais que representem ganhos para os grupos econômicos e desenvolvimento para os países. Um desses parceiros preferidos da Espanha é o Brasil. O país é a bola da vez quanto à credibilidade do mercado blindado contra ataques especulativos e outras maracutaias do meio.
França e Espanha hoje lêem a preocupação com o acordo para redução do efeito estufa, tema também caro aos brasileiros.
PÚBLICO (Portugal)
Dez mil interrupções da gravidez no primeiro semestre
No primeiro semestre de 2009 foram realizadas nos hospitais portugueses quase dez mil interrupções da gravidez, indicam dados da Direcção-Geral de Saúde (DGS) apresentados, ontem, numa reunião médica, em Lisboa.
Os números disponíveis, em comparação com igual período de 2008, revelam um aumento de 5,5 por cento de abortos.
Lisa Vicente, chefe da Divisão de Saúde Reprodutiva da Direcção Geral de Saúde, alertou, contudo, para o facto de, até 2007, existir apenas estimativas acerca desta realidade, o que não permite comparar valores com rigor. Lisa Vicente explicou que 97 por cento das 9972 interrupções foram realizadas por opção da mulher, com base na lei, em vigor desde 2007, que despenalizou o aborto até às dez semanas de gravidez. No número total incluem-se as malformações congénitas.
A grande maioria das mulheres que recorreu aos estabelecimentos de saúde para interromper a gravidez inclui-se na faixa etária dos 20 aos 30 anos. Em 40 por cento dos casos, as mulheres ainda não tinham filhos.
Os mesmos dados revelam que a maior parte dos abortos foram feitos em Lisboa, a grande maioria (70 por cento) nos hospitais públicos com recurso a medicamentos. Trinta por cento das interrupções foram realizadas em estabelecimentos privados por meios cirúrgicos e com anestesia geral.
EL PAÍS (Espanha)
Repsol buscará socios para desarrollar proyectos en Brasil por 6.700 millones
El presidente de Repsol YPF, Antonio Brufau, aseguró ayer que la petrolera precisará entre 10.000 y 12.000 millones de dólares (unos 6.700 millones de euros) para desarrollar sus proyectos en Brasil en los próximos 10 ó 12 años. Y para lograrlos, la compañía participada por Sacyr y Criteria-La Caixa, baraja tres opciones: sacar a Bolsa Repsol-Brasil, alcanzar un acuerdo con su socio en el área, Petrobras o incorporar algún otro socio.
A medio y largo plazo, Repsol invertirá buena parte de sus recursos en Brasil". señaló Brufau, que se encuentra en el país para explicar la evolución de sus activos en el área a medios de comunicación nacionales.
En 2010, la inversión prevista por la compañía en la actividad de exploración alcanzará los 480 millones de dólares. El cálculo del valor de los activos en el país es de 6.000 millones de dólares. El problema es que para obtenerlos, hay que extraer y vender el petróleo hallado en aguas profundas del Atlántico. Y eso requiere, a su vez, una financiación importante: entre 10.000 y 12.000 millones de dólares que puede llegar a 15.000 si se producen hallazgos importantes. "No me preocupan las dificultades de financiación cuando éstas provienen del éxito" aseguró Brufau.
THE GUARDIAN (Inglaterra)
Copenhagen climate change summit hopes fade as Obama backs postponement
Barack Obama acknowledged today that time has run out to secure a binding climate deal at Copenhagen and began moving towards a two-stage process that would delay a legal pact until next year at the earliest.
During a hastily-convened breakfast meeting in Singapore, the US president supported a Danish plan to salvage something from the moribund negotiations by aiming for a broad political agreement and postponing contentious decisions on emissions targets, financing and technology transfer.
While this falls short of hopes that Copenhagen would lock in place a new action plan for the world, it recognises the lack of progress in recent preparatory talks and the hold-ups of climate legislation in the US Senate "There was a realistic assessment ... by the leaders that it was unrealistic to expect a full internationally legally binding agreement to be negotiated between now and when Copenhagen starts in 22 days," said Michael Froman, deputy national security adviser for economic affairs.
LE MONDE (França)
La perspective d'un accord sur le climat s'éloigne
Il serait "irréaliste" de croire qu'un "accord international et légalement contraignant puisse être négocié entre aujourd'hui et le sommet de Copenhague, qui a lieu dans 22 jours" : le message du conseiller spécial de Barack Obama pour les affaires international, Michael Froman, était tout sauf optimiste, dimanche, à la fin du sommet économique Asie-Pacifique à Singapour.
Singapour était le dernier grand rendez-vous international avant le sommet sur le réchauffement climatique de Copenhague, du 7 au 18 décembre. Or, si un premier projet de résolution de la zone pays d'Asie-Pacifique mentionnait un engagement en faveur d'une réduction de 50% des émissions de gaz à effet de serre d'ici 2050, cette proposition a disparu du communiqué final.
Les chefs d'Etat présents à Singapour - dont Barack Obama - étaient également d'accord pour estimer que le sommet de Copenhague n'aboutirait pas à un nouveau traité global contre le réchauffement climatique.
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