WALTER GALVÃO
“Estrela distante” é mais um triunfo da inteligência artística do romancista chileno Roberto Bolaño que espantou o mundo com a força de “Os detetives selvagens”.
O autor, morto em 2003, conquistou, como poucos, prestígio internacional a partir da prática de uma literatura que se integra à galáxia inventiva hispano-americana acrescentando carisma, densidade psicológica, complexidade narrativa, luminosidade poética ao campo cheio de vida irrigado pelos nomes que deflagraram o chamado boom latino-americano.
Neste romance de 140 páginas de 1996, ou novela, só agora lançado (novembro) no Brasil, considerado por escritores e críticos como o mais emblemático de sua produção, um livro síntese que reúne aspirações, obsessões, fixações, experimentos e conquistas do escritor, estão presentes todos os arquétipos do melhor que o gênero materializou.
Trata-se da história de um assassino-poeta-torturador-aviador, alma nazista que mata em série nos porões da ditadura Pinochet e escreve poemas com fumaça nos céus do Chile e de sua perseguição pelos que foram por ele perseguidos, espionados e executados.
Borboleteiam nas páginas imagens psíquicas que compõem fundamentos mentais que ativam nosso acesso aos abismos e céus da linguagem e dos fluxos energéticos das simbolizações. O duplo, o anti-herói, a serpente, a água, o mágico, o círculo... os arquétipos desfilam ora como legado diabólico da razão a serviço da destruição do outro, ora como espaço possível de transcendência, ora como projeção dos pesadelos da cultura organizando-se para eleger preferências...
Discordo que seja a centralidade do livro a discussão sobre o duplo, o outro, a ambivalência da razão entre o bem e o mal, se bem que seja este o caminho que leva ao mundo de grandezas e mesquinharias radicais torturado pelo ódio cultivado pela ditadura como instrumento de coerção coletiva e de destruição dos indivíduos.
“Estrela distante” é uma experiência que merece ser vivida. Um encontro com o que de melhor e pior somos capazes de projetar, humanos, demasiado humanos, a partir da base comum encontrável frente ao espelho e dentro dos nossos sonhos mais profundos.
CLIQUE AQUI para ler trecho do livro.
“Estrela distante” é mais um triunfo da inteligência artística do romancista chileno Roberto Bolaño que espantou o mundo com a força de “Os detetives selvagens”.
O autor, morto em 2003, conquistou, como poucos, prestígio internacional a partir da prática de uma literatura que se integra à galáxia inventiva hispano-americana acrescentando carisma, densidade psicológica, complexidade narrativa, luminosidade poética ao campo cheio de vida irrigado pelos nomes que deflagraram o chamado boom latino-americano.
Neste romance de 140 páginas de 1996, ou novela, só agora lançado (novembro) no Brasil, considerado por escritores e críticos como o mais emblemático de sua produção, um livro síntese que reúne aspirações, obsessões, fixações, experimentos e conquistas do escritor, estão presentes todos os arquétipos do melhor que o gênero materializou.
Trata-se da história de um assassino-poeta-torturador-aviador, alma nazista que mata em série nos porões da ditadura Pinochet e escreve poemas com fumaça nos céus do Chile e de sua perseguição pelos que foram por ele perseguidos, espionados e executados.
Borboleteiam nas páginas imagens psíquicas que compõem fundamentos mentais que ativam nosso acesso aos abismos e céus da linguagem e dos fluxos energéticos das simbolizações. O duplo, o anti-herói, a serpente, a água, o mágico, o círculo... os arquétipos desfilam ora como legado diabólico da razão a serviço da destruição do outro, ora como espaço possível de transcendência, ora como projeção dos pesadelos da cultura organizando-se para eleger preferências...
Discordo que seja a centralidade do livro a discussão sobre o duplo, o outro, a ambivalência da razão entre o bem e o mal, se bem que seja este o caminho que leva ao mundo de grandezas e mesquinharias radicais torturado pelo ódio cultivado pela ditadura como instrumento de coerção coletiva e de destruição dos indivíduos.
“Estrela distante” é uma experiência que merece ser vivida. Um encontro com o que de melhor e pior somos capazes de projetar, humanos, demasiado humanos, a partir da base comum encontrável frente ao espelho e dentro dos nossos sonhos mais profundos.
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